quarta-feira, 25 de abril de 2012

meu dia das mães veio mais cedo.


Eu sabia desde o início que eu correria alguns perigos quando decidi cursar Psicologia. Hoje, foi o mais violento.
Tive duas aulas. As duas aulas me atingiram.
Na primeira, tive uma perspectiva nova sobre uma coisa da qual eu falei por metade da minha vida. Uma perspectiva bruta, literal, e mais do que isso, técnica. Ter essa visão sobre uma coisa que faz parte da minha história, de certa forma, machucou. Principalmente pelo fato de estar relacionado a emoções difíceis de se lidar.
Isso me levou até a segunda aula. Um pouco confusa com o que eu sentia, tentava não pensar nisso. Mas então o assunto ressurge dentro de mim, se entrelaçando com um breve comentário que deve ter passado dispercebido por alguns... mas pra mim, foi crucial.

O fato é que eu nunca me senti abandonada. Nem por um segundo.
Até hoje.
Mas todos que ouviram a minha história, muito provavelmente detectaram o momento do meu abandono. Acho que eu sempre tentei ver pelo lado bonito das coisas. Uma última tentativa de embelezar a estrada que me trouxe até aqui.
Mas por que hoje? Por que eu só me senti abandonada quase 18 anos depois do fato ter acontecido?
Minha conclusão?
Eu tinha apenas dois anos. Não possuia palavras ou símbolos o bastante pra significar aquilo. Não que eu não tenha sentido. Devo ter sentido, e muito. Mas nunca soube explicar, por isso nem sabia que tinha sentido.
Então, muitos anos depois, dentro de uma sala de aula, meus olhos se enchem de lágrimas, e eu sinto um vazio, um desamparo, que mesmo hoje tendo uma diversidade de palavras e símbolos em meu conhecimento, eu não sei significar.
Mas agora eu sei que eu sinto.
Um fato no presente, que me remete a algo do passado, que nem mesmo eu sabia que tinha sentido.

E no instante em que eu me dei conta de tudo isso, fez sentido.

Eu não a odeio. Não a culpo. Não a julgo.
Eu hoje consigo entender que ela nunca soube que me abandonou.
Não foi ela que fez isso comigo. Foi a vida dela que a levou a isso.
E quem diria, que depois de uma vida inteira longe emocionalmente dela, duas aulas de psicologia em um mesmo dia, me fariam ter meu primeiro momento de intimidade com a minha própria mãe.

Descance em paz mãe, pois você merece.
Mas eu prometo que ainda chegarei mais perto de você.



Um Feliz Dias das Mães pra todo mundo.
Um conselho? Aproveitem enquanto elas ainda estão por ai...

2 comentários:

  1. é clichê dizer mas... Nunca é tarde!

    ResponderExcluir
  2. Eu continuo achando que quando vc escreve consegue atingir as pessoas... sempre senti isso.

    ResponderExcluir